Maria tem um coração alargado como o coração de Deus, afirma o Papa
Na Solenidade da Assunção
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Papa Bento XVI |
CASTEL
GANDOLFO, 15 Ago. 12 / 12:25 pm (ACI).- Na manhã desta quarta-feira, 15 de
agosto, Solenidade da Assunção de Maria, o Papa Bento XVI celebrou, a Santa
Missa na paróquia pontifícia de “São Tomás de Villanova”, na localidade de
Castel Gandolfo onde o Pontífice passa suas férias. Em sua homilia, o Papa
indicou que na Assunção podemos ver que a Virgem Maria, totalmente unida a Deus,
tem um coração tão grande como o do próprio Deus.
“Em
1º de novembro de 1950, o Venerável Papa Pio XII proclamava como dogma que a
Virgem Maria “terminado o curso da vida terrena, foi assunta à glória celeste em
alma e corpo”. Esta verdade de fé era conhecida pela Tradição, afirmada pelos
Padres da Igreja, e era, sobretudo, um aspecto relevante do culto rendido à Mãe
de Cristo. O elemento cultual constitui, por assim dizer, a força motora que
determinou a formulação deste dogma: o dogma parece um ato de louvor e de
exaltação em relação à Virgem Santa. Este emerge também do próprio texto da
Constituição apostólica, onde se afirma que o dogma é proclamado “em honra ao
Filho, para a glorificação da Mãe e a alegria de toda a Igreja”, recordou Bento
XVI aos presentes na celebração eucaristia que presidiu.
“É
expresso assim na forma dogmática algo que já foi celebrado no culto da devoção
do Povo de Deus como a mais alta e estável glorificação de Maria: o ato de
proclamação da Assunta se apresentou quase como uma liturgia da fé. E no
Evangelho que escutamos agora, Maria mesma pronuncia profeticamente algumas
palavras que orientam nesta perspectiva. Diz: “Todas as gerações, de agora em
diante, me chamarão feliz” (Lc 1,48). é uma profecia para toda a história da
Igreja. Esta expressão do Magnificat, referida por São Lucas, indica que o
louvor à Virgem Santa, Mãe de Deus, intimamente unida a Cristo, seu filho, diz
respeito à Igreja de todos os tempos e de todos os lugares”, sublinhou.
Segundo
o Santo Padre, “a anotação destas palavras da parte do Evangelista pressupõe que
a glorificação de Maria estivesse já presente no período de São Lucas e ele a
considerou um dever e um compromisso da comunidade cristã para todas as
gerações. As palavras de Maria indicam que é um dever da Igreja recordar a
grandeza de Nossa Senhora para a fé”.
“Esta
solenidade é um convite, portanto, a louvar Deus, e a olhar para a grandeza de
Nossa Senhora, para que conheçamos Deus na face dos seus”,
completou.
“Mas,
por que Maria é glorificada na assunção ao Céu? São Lucas, como ouvimos, vê a
raiz da exaltação e do louvor à Maria na expressão de Isabel: “Feliz aquela que
acreditou” (Lc 1, 45). E o Magnificat, este canto ao Deus vivo e operante na
história é um hino de fé e de amor, que brota do coração da Virgem. Ela viveu
com fidelidade exemplar e guardou no mais íntimo do seu coração as palavras de
Deus ao seu povo, as promessas feitas a Abraão, Isaac e Jacó, fazendo do seu
conteúdo sua oração: a Palavra de Deus estava no Magnificat transformada em
Palavra de Deus, lâmpada do seu caminho, até torná-la disponível a acolher
também em seu ventre o Verbo de Deus feito carne”.
Respondendo
à pergunta sobre a relação da solenidade com a vida do homem na terra Bento XVI
disse que “A primeira resposta é: na Assunção vemos que em Deus há espaço para o
homem, Deus mesmo é a casa com muitas moradas da qual fala Jesus (Jo 14, 2). O
próprio Deus é a casa do homem, em Deus há espaço de Deus. E Maria, unindo-se a
Deus, não se distancia de nós, não vai para uma galáxia desconhecida, mas quem
vai a Deus se aproxima, porque Deus está perto de todos nós, e Maria, unida a
Deus, participa da presença de Deus, está muito perto de nós, cada um de nós”.
“Há
uma bela palavra de São Gregório Magno sobre São Bento que podemos aplicar ainda
também a Maria: São Gregório Magno diz que o coração de São Bento tornou-se
grande que toda a criação podia entrar neste coração. Isso vale ainda mais para
Maria: Maria, unidade totalmente a Deus, tem um coração tão grande que toda a
criação pode entrar neste coração, e os testemunhos em todas as partes da terra
o demonstram”, afirmou o Papa.
“Em
Deus, há espaço para o homem, e Deus está perto, e Maria, unida a Deus, está
muito perto, tem um coração alargado como o coração de Deus”,
frisou.
“Mas
tem também outro aspecto: não só em Deus há espaço para o homem; no homem há
espaço para Deus. Também vemos isso em Maria, a Arca Santa que porta a presença
de Deus. Em nós, há espaço para Deus e nesta presença de Deus em nós, tão
importante para iluminar o mundo na sua tristeza, em seus problemas, esta
presença se realiza na fé: na fé abrimos as portas do nosso ser para que Deus
entre em nós, para que Deus possa ser a força que dá vida e caminho ao nosso
ser”, ressaltou.
“O
que dizer, portanto? Coração grande, presença de Deus no mundo, espaço de Deus
em nós e espaço de Deus para nós, esperança, ser esperados: esta é a sinfonia
desta festa, a indicação que a meditação desta Solenidade nos dá. Maria é aurora
e esplendor da Igreja triunfante; ela é a consolação e a esperança para o povo
ainda em caminho, diz o Prefácio de hoje”.
“Vamos
nos confiar à sua materna intercessão, para que o Senhor nos ajude a reforçar
nossa fé na vida eterna; nos ajude a viver bem o tempo que Deus nos oferece com
esperança. Uma esperança cristã, que não é somente nostalgia do Céu, mas vivo e
operoso desejo de Deus aqui no mundo, desejo de Deus que nos torna peregrinos
incansáveis, alimentando em nós a coragem e a força da fé que, ao mesmo tempo, é
coragem e força no amor”.
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