"Estou cansado de missinhas animadazinhas, estou cansado de padres que
parecem muito mais organizadores de encontros sociais que Sacerdotes do
Deus Altíssimo, estou cansado de ‘fiéis’ que vão à missa para ‘viver o
amor de Cristo’ e não para participar do Sacrifício do Filho de Deus!
Será que sou só eu? Será que somente eu sinto vontade de poder assistir
duas missas iguais, independente de quem seja o celebrante? Será que sou
só eu que tenho dificuldade em enxergar, na Igreja, o Cristo Vítima e
Sacerdote por detrás dos cantos protestantes no momento da
consagração?". E fico feliz de saber que não sou somente eu. O frei
Ângelo também me entende. E tenho a esperança de que, junto com ele,
outras almas católicas - milhares de almas católicas! - possam
compartilhar conosco este sentimento de perplexidade diante da situação
da Igreja atual. E de súplicas ao Altíssimo para que Se levante, e
defenda a Sua própria causa.
Não à manipulação da Santa Missa!
Estou
cansado de ter que procurar uma Santa Missa, com dignidade e sem
modas, como uma agulha no palheiro. Parece até uma sina: onde chego,
logo na porta principal da Igreja já está o cartaz com o convite para a
“Missa de Cura e Libertação”, com Padre Fulano de Tal… ou pior ainda,
quando olho para o outro lado do mural, está agendada a “Missa
Sertaneja”; no grupo de oração da semana que vem, “Missa Carismática”…
(ah, se Padre Pio ainda vivesse para ouvir o que fizeram com os ‘grupos
de oração’…). Por outro lado, quando encontro algumas pessoas que
costumam assistir a Santa Missa em sua forma extraordinária ou,
vulgarmente chamada de “Tridentina”, chamam-na de “Missa de Sempre”. É
que não tenho a pele branca para ver quão vermelho de irritação eu fico
quando ouço certos “jargões”.
“Missa
de Cura e Libertação”, “Missa Sertaneja”, “Missa Carismática”, “Missa
de Sempre”… a que ponto chegamos! Manipular o único e eterno memorial
do Sacrifício do Calvário… quanto desgosto sinto! Acredito que seja o
mesmo que muitos, quando têm que aturar padres (e alguns até ‘muito bem
preparados’, academicamente), falando abobrinhas sentimentais…
Foi-se
o tempo em que o início da Santa Missa era feito pelo Padre e não
pelos cantores; foi-se o tempo em que o ato penitencial levava a uma
contrição autêntica; foi-se o tempo em que o glória era um louvor ao Pai
e ao Cordeiro e não um “hino trinitário”; foi-se o tempo em que o
salmo era responsorial e não de “meditação”; foi-se o tempo em que a
homilia era o momento de catequese; foi-se o tempo em que o canto do
Sanctus proclamava, já antecipadamente, a vinda escatológica Do que vem
em nome do Senhor; foi-se o tempo em que, após a consagração, era o
momento de olhar o Senhor e adorá-lo e não cantar ou bater palmas, e
que apenas ‘quem falava eram os sinos’; foi-se o tempo em que a
comunhão era de joelhos e na boca; foi-se o tempo em que se guardava
silêncio, mesmo que breve, após a comunhão… enfim, foi-se o tempo de
tantas coisas… e estas “tantas coisas” geraram Santos, verdadeiros
homens de fé e uma fé madura, não infantilizada, à estatura de NSJC.
É
certo que a Palavra de Deus é viva e eficaz e que nos toca ao coração.
Mas não se trata de banalizar ou denigrir o seu valor. Ela é cortante e
penetra o íntimo das nossas almas. A grande questão é o desvio de
foco. Se hoje temos concepções de “Missas” como essas, é devido ao
subjetivismo de tantos padres, ou seja, eles desviam o foco de NSJC e
levam-no para si. Também é certo que o sacerdote age in persona Christi, mas ele deve se re-cordar (= trazer ao coração) sempre o exemplo do Senhor Jesus Cristo que, “embora
sendo de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus,
mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e
assemelhando-se aos homens… Por isso, Deus o exaltou soberanamente…” (Fl 2,6-7.9).
Mas,
o que realmente me deixa consternado é a manipulação da Santa Missa
para os gostos pessoais e intimistas de cada padre… E nem adianta dizer
que é o povo quem quer assim. Errado! Todo sacerdote (ou presbítero,
como queiram chamar), recebeu uma formação específica da Santa Igreja
Católica Apostólica e Romana. Ora, se assim o é, então, deve obedecer,
como prometeram no dia da sua ordenação a tudo o que está escrito e não
transgredir ou inventar ou, pior ainda, modificar, sem poder algum
para tal coisa. O povo recebe o que o padre dá.
Penso
que o dever primeiro de cada sacerdote é a salvação e cura das almas, a
começar da sua própria. E rezo para que cada qual tenha consciência do
que faz e que temam o juízo. De fato, constato que muitos já não têm
mesmo medo da condenação eterna e se afugentam na historinha: ah, o céu
ou inferno é aqui e agora… Que Deus lhos perdoe por tanta insanidade e
falta de fé. Esta sim é a grande “crise” pela qual muitos deveriam
passar. Mas apenas o fazem no sentido mais fraco do termo, que seja,
modificação e não no sentido real da palavra, de ‘purificação’. Sim, é
necessária uma grande purificação dos pensamentos, palavras, atos e até
de omissões!
Acredito que muitos
dos que lêem o que escrevo fazem apenas com o intuito de criticar ao
final das leituras; mas se pararem para “pensar”, isto é, avaliar onde
está o ‘peso’ real das coisas, hão de concordar que os erros não estão
em quem lhos constatam; antes, estão nos que são os sujeitos das
situações, no caso, dos Padres em relação às concepções da Santa Missa.
Concluindo
esta breve conversa, dirijo-me aos “Ministros do Divino Altar”. Se
tiverem consciência de que cada um é realmente “um outro Cristo nesta
terra”, começarão a executar os seus ofícios com um gostinho de céu,
como uma antecipação já aqui e agora do Reino que pregamos e anunciamos.
Espero que ao ensinarem as ovelhas confiadas a cada um, quando falarem
em “Missa de Cura e Libertação”, “Missa Sertaneja”, “Missa
Carismática”, “Missa de Sempre”, façam com a consciência de que em cada
denominação errônea dessas, ainda assim, não desviem o foco: NSJC!
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