Por
que só São Mateus e São Lucas nos contam o nascimento de Cristo? O que significa que
Maria de Nazaré é Mãe de Deus? Ainda: Jesus nasceu mesmo no dia 25 de dezembro?
Respostas a
perguntas como essas Muitas vezes vem aos nossos corações por isso embasado na sã Doutrina vamos tentar responder a alguns desses questionamentos.
O texto a seguir trata de questões históricas e exegéticas ligadas ao nascimento de Cristo.
1. A narração sobre o nascimento de Cristo aparecem apenas em Mateus e Lucas. Por que não estão presentes em Marcos e João?
O texto a seguir trata de questões históricas e exegéticas ligadas ao nascimento de Cristo.
1. A narração sobre o nascimento de Cristo aparecem apenas em Mateus e Lucas. Por que não estão presentes em Marcos e João?
Os
evangelhos são sobretudo o anúncio da “boa nova da salvação” que se manifestou
na morte e ressurreição de Jesus. Não são biografias no sentido moderno do
termo. Mateus, que escreve para os judeu-cristãos, conhecia as narrações da
infância de Moisés que a Sinagoga meditava. Lucas, ou a sua fonte judeu-cristã,
prefere seguir o modelo da infância de Samuel que dizia mais para ele. O
Evangelho de Marcos deixa transparecer uma etapa precedente da tradição na qual
as palavras e as ações de Jesus ainda não eram transmitidas com uma narração
organizada. O Evangelho de João, provavelmente por causa da sua profunda
teologia e a linguagem simbólica, não tem espaço para uma reflexão sobre a
infância de Jesus. Apenas Mateus e Lucas acrescentaram uma introdução que
normalmente se chama “evangelho da infância”. O escândalo de um Deus que tinha
sofrido transparecia já durante a sua infância, que invoca a rejeição do menino
Deus por parte das autoridades e a sua aceitação por parte dos pobres. Os
pintores dos ícones, que têm idéias geniais, representam a manjedoura e o
túmulo do mesmo modo. Não é possível sublinhar de modo mais original esta
inclusão na história da salvação. Mateus e Lucas quiseram dar uma resposta ao
problema do nascimento do Messias, que não nasceu de José, filho de Davi. Eles
vêem na origem de Cristo uma nova criação e a inauguração dos tempos
escatológicos anunciados pelos profetas. O Espírito de Deus se faz presente em
Jesus, princípio da criação nova.
2. Por que a história do nascimento de Cristo contada por Mateus é
diferente daquela de Lucas?
Os
dois evangelistas se dirigem a destinatários diferentes e tomam em consideração
a mentalidade que eles têm. Além disso, essas narrações anunciam os grandes
temas que serão tratados durante os dois evangelhos. Há muito tempo os exegetas
notaram que um refrão aparece 5 vezes no Evangelho de Mateus: “quando Jesus
disse essas palavras” (7,28; 11,1; 13,53; 19,1; 26,1). Esse refrão, considerado
um elemento que dá forma ao evangelho, permite dividir o Evangelho em 5 partes.
Não surpreende que a sua narração da infância seja também dividida em 5 cenas
que começam com um genitivo absoluto: a genealogia, a concepção milagrosa, a
fuga para o Egito, o massacre do inocentes e a volta do Egito. Cinco citações
do Antigo Testamento aparecem na narração. Sabemos que o número cinco recorda
os 5 livros da Torah. As cinco partes do evangelho foram acrescentadas as
narrações da paixão-ressurreição e aquela da infância, de modo que pudessem
formar um conjunto harmônico de 7 partes, uma grande Menorah.
As 5
citações do Antigo Testamento nos dois primeiros capítulos de Mateus contém,
todas elas, a palavra “filho”. A narração termina dizendo que a Sagrada Família
foi morar na Galiléia. Brevemente, o que acontecerá durante todo o Evangelho é
já presente nos primeiros capítulos: rejeitado pelos chefes do povo, Jesus vai
à Galiléia dos gentios.
Nessas
narrações é utilizado o simbolismo dos números. Na genealogia de Jesus, Lucas
começa por Adão, enquanto que Mateus inicia com Abraão. Porém os estudiosos
notaram que as inicias dos 3 nomes citados por Mt 1,1 recordam igualmente a
Adão (Abraão, Davi e Messias). É a técnica judaica do notaricon, que Mateus
usa. Mateus divide a sua genealogia em três grupos de 14 gerações e recorre ao
valor numérico (ghematria) da palavra Davi, que é igual a 14. O total dos
antecedentes de Jesus em 3 séries de 14 obriga Mateus a omitir 3 reis entre
Jorão e Ozias, e a contar Jeconia como se fosse dois, pois a palavra grega pode
traduzir ao mesmo tempo as palavras Joiaquim e Joiakim.
Lucas,
que não fala em números, conta de qualquer forma 77 descendentes na genealogia
de Jesus, pois no mundo hebraico o 7 é o símbolo da perfeição. A profeta Ana
alcançou esta perfeição, pois tem 84 anos (12 x 7). Além do mais, Lucas
sublinha a cronologia da infância em 70 semanas. Entre a concepção de João
Batista e a apresentação no Templo, é necessário acrescentar os 6 meses da
gravidez de Isabel, os 9 meses da gravidez de Maria e os 40 dias depois do
nascimento. O tema das 70 semanas recorda Daniel 9,24, que prevê nesse contexto
a consagração do Messias em Jerusalém. Para os judeus acostumados às técnicas
midráchicas, Jesus é o ungido de Deus, o Messias.
3. “Sendo Maria noiva”. O que representava o noivado para os judeus?
Até
a idade de 12 anos e meio a menina dependia do pai. Podia ficar noiva e casar a
partir dessa idade. O noivado regulava o acordo entre duas famílias que estavam
ligadas ao pagamento de um presente, chamado mohar, feito pelo futuro marido da
noiva. Esta não era ainda chamada esposa, mas o seu estado originário era
modificado por este acordo prévio. A infidelidade era de qualquer forma punida
também nesse caso, pois ia contra os direitos adquiridos.
O
noivado de José e Maria e entendido nesse contexto. Maria é noiva de José. Ele
não a tomou consigo, ou seja, Maria ainda não morava com José com ela se
encontrou grávida. José pode desfazer o contrato e sonha fazê-lo em segredo,
mas a aparição de um anjo faz com que ele mude de idéia.
4. Por que Maria colocou o seu filho em uma manjedoura?
O
Evangelho de Lucas responde: “Por que não havia lugar para ela na sala comum”.
Isso pode ser comentado assim: o lugar de alguém que estava para dar à luz não
era na sala comum. Na tradição bíblica, quem dava à luz era impura por 40 dias
se dela nascia um menino e por 80 dias se fosse uma menina. Além disso, a
mulher transmitia a sua impureza aos outros. Por isso as mulheres que
observavam a Lei preferiam retirar-se a um lugar discreto para não complicar a
vida dos outros. A presença do burro e do boi na manjedoura explica a citação
de Isaías 1,3: “o boi conhece o seu proprietário e o burro a manjedoura do seu
senhor. Israel não sabe, o meu povo não entende”. O evangelho apócrifo do
Pseudo Mateus lembra este versículo.
5. Jesus nasceu dia 25 de dezembro? Em que ano? Precisa ainda acreditar
nos Reis Magos?
A
data de 25 de dezembro para celebrar o nascimento de Jesus foi estabelecida no
século IV. Quando se determinou essa data a intenção era aquela de tornar
cristã a festa popular da invencibilidade do sol, que era celebrada no
solstício de inverno.
Jesus
nasceu provavelmente no ano 6 antes da nossa era. O natal foi fixado no dia do
solstício de inverno (no hemisfério norte), 25 de dezembro. A anunciação de
Maria, invés, se celebra no dia do solstício de primavera (no hemisfério
norte), 25 de março.
A
Bíblia anuncia a aparição de uma estrela em um oráculo messiânico do livro dos
Números (cap. 24). Os Salmos proclamam que os reis de Saba e Seba vão trazer
ofertas. Nada exclui que alguns nabateus vieram do Oriente até Jerusalém. Para
o histórico José Flávio, de fato eles tinham contatos em Jerusalém. A tradição
posterior dirá que os reis magos eram 3.
6. O que significa a expressão “Maria, mãe de Deus”?
O
Catequismo da Igreja Católica, no parágrafo 466, diz assim: “o Verbo, unindo a
si mesmo hipostaticamente uma carne animada por uma alma racional, se fez
homem. A humanidade de Cristo não tem outro objeto que não seja a Pessoa divina
do Filho de Deus, que a assumiu e a fez sua no momento da concepção. Por isso o
Concílio de Éfeso proclamou em 431 que Maria com toda verdade se tornou Mãe de
Deus não por que a natureza do Verbo ou a sua divindade tivesse tido origem
graças à santa Virgem, mas porque nasceu dela o santo corpo dotado de alma
racional ao qual o Verbo é unido substancialmente.”
De
fato aquele que Maria concebeu como homem por ação do Espírito e que se tornou
Filho segundo a carne é o Filho eterno do Pai, a segunda pessoa da Trinidade. A
Igreja confessa que Maria é a a Theotokos. Contestar que Maria seja a Mãe de
Deus é negar a unidade pessoal e divina de Cristo e, contemporaneamente, a
salvação dos homens.
No mais um Feliz Natal..a todos ..Que Jesus Nasça e Cresça em Nossos Corações..
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